Mistura de litoral, caatinga, brejo e cocais encanta os participantes (Foto: Doni Castilho)
Para a maioria das pessoas, ao imaginar o vento movimentando as folhas de um coqueiral é automático incluir as ondas do mar na mesma fantasia. No entanto, para os que já participaram de uma das 36 edições do maior rally da América Latina, o Cerapió, essa cena pode ser um pouco diferente. Essa é uma das vivências que os participantes da 37ª edição, que acontece de 23 a 27 de janeiro de 2024, vão ter ao conhecer algumas regiões dos estados do Ceará, Piauí e Maranhão.
Na largada não há muito mistério. A beleza das praias cearenses representada pela Praia do Cumbuco abre as portas para a caravana. Céu e mar com um belo azul e os coqueiros balançando sobre a areia da praia. Depois das dunas, carros 4x4, motos, UTVs, quadriciclos e bicicletas enfrentam o chão duro da Caatinga, um bioma exclusivo brasileiro que aparece em todos os dias de prova.
Parque Nacional de Ubajara preserva o ecossistema da Serra da Ibiapaba (Foto: Yuri Leonardo/Setur - CE)
Mas ainda no primeiro dia, há espaço para a surpresa. Três serras cearenses abrem espaço para os participantes conhecerem os Brejos Nordestinos. Essas são faixas de Caatinga que guardam resquícios de quando a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica formavam um só bioma. Durante o Cerapió, a caravana cruza pontos como esse nos dois primeiros dias quando passa pelas serras de Uruburetama, Meruoca e Ibiapaba. Por conta do ambiente são regiões com uma história de colonização muito antiga e com muita produção de frutas.
Chegando ao terceiro dia de rally, os participantes descobrem que coqueirais não estão apenas nas praias. Outro bioma de transição, a Mata dos Cocais, é desafiado pelos pilotos. Grandes pés de babaçu, carnaúba e buriti margeiam as trilhas do Cerapió ao longo dos dois últimos dias de competição. É um outro Brasil, que aproveita palha, cera e madeira da carnaúba, que colhe o fruto do trabalho das quebradeiras de coco-babaçu e com outras tradições a serem conhecidas por todo o país.
Cocais são matéria prima para os artesãos da região (Foto: Moura Alves/Mtur)
Essa mistura atrai pilotos de mais de 20 estados brasileiros. De Minas Gerais, o piloto de motos Júlio César fala porque o Cerapió é único entre as provas de off road do país. “É uma etapa totalmente diferente. Terreno diferente, muita areia, caatinga. É totalmente ao contrário do nosso terreno aqui”, compartilha o participante. Todas as regiões do Brasil participam da caravana que reúne mais de 1200 pessoas todos os anos para se surpreender nas trilhas de Ceará, Piauí e Maranhão.